Manuel Alves do Carmo
Embora uma rua tenha o seu nome, muitos são os montargilenses que desconhecem quem foi Alves do Carmo, sendo um imperativo cultural que se preencha tal lacuna.
Homem simples, de poucas letras, como carpinteiro foi um “artista”, como músico deixou passar ao lado uma grande carreira, ao não enveredar pelo profissionalismo , mas ainda bem para Montargil que não o tenha feito.
Dizia-me ele que começou no solfejo aos 12 anos, e como que por acaso. Veio a Montargil uma Companhia de Teatro cujo Director, de nome Galamba, era também regente de bandas. A nossa estava parada, mas aproveitou-se a oportunidade, juntaram-se os instrumentos existentes e compraram-se alguns novos,aos músicos que já havia juntaram-se alguns aprendizes entre os quais o nosso amigo “Bábau,” que assim era conhecido.
Mas como chegou a regente?
Terminara a Guerra de 14/18, e a Banda—a “Música” como era conhecida—parara ,dada a participação na mesma de alguns componentes.Chegou então a notícia de que o “mestre” Jaime ,que se julgava ter morrido por aprisionado pelos alemães,afinal ia voltar.Havia que o receber em festa, pelo que se tratou de “reunir as tropas” colocando no “comando” o senhor Alves do Carmo.E assim continuou até ter que passar a viver em Almeirim onde faleceu com 93 anos .
Mas diga-se por de justiça que a “MÚSICA” só existiu, porque Alves do Carmo existia.Ele era tudo— fazia a escrita, passava as músicas, consertava instrumentos, e até tocava a corneta a lembrar do ensaio quando o contínuo faltava.
Refira-se entretanto que o património em partituras e pequenos objectos de grande simbolismo como a “batuta” que era sua propriedade, é hoje pertença da Banda da Escola de Música de Montargil sua já falecida filha Drª Maria Barreto do Carmo deu-me o privilégio de ser eu a indicar o destinatário, e não hesitei um segundo.
Lino Mendes