Luís Manso
Número de Mensagens : 435 Idade : 62 Localização : Montargil Data de inscrição : 22/07/2008
| Assunto: A montaria Qua Jan 25, 2012 2:06 am | |
| A Montaria Encontrei este relato, sobre as montarias, no livro que acabei de ler. Como o considero bastante fiel do que se passa nas montarias, apesar de com os tempos haver pequenas alterações, não resisti à tentação de o partilhar com os meus amigos, muitos dos quais também habituados a estas práticas venatórias. Matilheiro Luís Manso “ O dia da montaria é sempre um dia especial e de festa para as aldeias e vilas do nosso país. Bem cedo começam os preparativos para o “taco” (nome dado ao farto pequeno almoço servido aos monteiros, matilheiros e convidados), de extrema importância para os participantes na montaria, pois só voltarão a comer após a sua recolha da mancha. Esta é feita pelos postores, os mesmos que colocaram cada um dos caçadores nos seus postos ou portas, devidamente identificadas e numeradas, com o mesmo número sorteado após o “taco”. Antes ainda de irem para a mancha, os caçadores escutam atentamente as indicações dadas pelo director da montaria, nomeadamente as regras básicas de ética e de segurança a ter no decorrer deste acto venatório. A partir do início da montaria, normalmente assinalado pelo rebentar de um foguete, o silêncio é apenas interrompido pelo ladrar dos cães das matilhas de caça maior, conduzidas pelos matilheiros. A sua função é “varrer” a mancha a montear, de moda a levantar os javalis que, ao tentarem atravessar a linha de caçadores que se encontram nas portas, poderão ser abatidos por estes. Durante o decorrer da montaria o caçador, situado na respectiva porta a aguardar a passagem dos javalis, deverá ser discreto, abstendo-se de fumar e mesmo de urinar e escondendo-se, se possível, atrás de uma árvore onde permanece parado. Também o fim da montaria, três ou quatro horas após o seu início, é ditado pelo rebentar de um foguete. À recolha dos caçadores e à chegada dos matilheiros sucede um abundante almoço, muitas vezes acompanhado de animação tradicional e local. A festa só fica concluída com o leilão dos javalis abatidos e, sempre que há um caçador que abate pela primeira um destes animais, realiza-se o devido julgamento pelo “crime” que cometeu e respectivo baptismo como verdadeiro Monteiro.” FONSECA, C e CORREIA, F, (2008). O javali. João Azevedo Editor, Mirandela, pág.137 | |
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