GABINETE DE PLANEAMENTO E ESTUDOS

Em defesa
da nossa identidade cultural



Perante o desconhecimento de uns e o desinteresse de outros, é com muita preocupação que vejo os nossos valores identitários serem adulterados a todo o momento. Acontecendo ainda que, graças a uma minoria, no país—o nosso—onde em minha opinião a “cultura tradicional” é mais bem tratada” há quem( a maioria) ainda não compreendeu que o “popular” e o “erudito”são apenas duas faces da mesma moeda—a Cultura—que não se situam em patamares mas em espaços naturalmente diferentes. Assim como não sabem que é na cultura tradicional que se situa a nossa matriz cultural, que a par da Língua constituem os pilares em que assenta essa tal “identidade cultural” que nos define e caracteriza.
É estranho que por exemplo um director de orquestra e um senhor professor— apenas dois exemplos—não saibam o que é folclore,afinal aquilo que um aluno do básico deveria saber. E a propósito de folclore, um termo que pessoas com responsabilidades mesmo no campo de cultura vêm abastardando , dando-lhe o significado de coisa de somenos, podem usar a designação de “Cultura Tradicional e Popular”, como o considera a UNESCO.
Fruto de toda esta situação que se deve também a alguma irresponsabilidade de poderes instituídos, verifica-se hoje que a maioria dos grupos que de folclore se intitulam não têm representatividade-- e isso tem que acabar. O ensino da “cultura tradicional” tem que entrar na escola, o que não tem quaisquer custos. A RTP tem a obrigação de promover um programa pedagógico dedicado à cultura da tradição, e não mais produzir desastres culturais como foi aquele Rancho do Coração. A imprensa local e regional com um papel fundamental a desempenhar, não pode mais permitir que colaboradores sem conhecimentos da matéria ali deixem a sua opinião, dado que por vezes e devido à sua posição social têm credibilidade mesmo que debitem as maiores barbaridades.
Mas o que é afinal “FOLCLORE”,ou se quiserem a “CULTURA TRADICIONAL E POPULAR?
Digamos de maneira simplificada,” ser a expressão das vivências das gentes de antigamente, quando ainda não influenciadas por valores alheios à sua natural maneira de ser e de estar”
LINO MENDES