O Cantar das Janeiras
São muitos, hoje, os Grupos ( de folclore ou simplesmente informais) que fazem reviver as “Janeiras”,quer “reconstituindo”( no primeiro caso) quer “recriando”( no segundo).E fazem-no por vezes durante todo o mês de Janeiro o que nos leva a questionar qual o “espaço” que durante o mesmo cabe ao “cantar dos Reis”.E refira-se para completa compreensão que”reconstituir” significa” fazer o mais igual possível ao que originalmente se fazia, o que ´é” folclore”enquanto recrear já não exige nem possui tanta fieldade.
Certo que cada terra com seu uso… e que cada Sítio (permitam-me o uso do termo) é marcado pelas diferenças que nos caracterizam, mas creio que poderemos “explicar” as JANEIRAS como uma antiga tradição do nosso país que leva grupos de pessoas pelas ruas da terra ou pelos caminhos dos montes cantando de porta em porta o desejo de um movo ano Bom. Mas não só, porque por necessidade ou apenas pela festa, aguardando também a retribuição dos donos da casa.
Dinheiro nunca se dava, mas muitas vezes e porque tinha sido altura das “matanças” ,era alguma carne de porco que os “janeireiros” levavam.
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por estes quintais a dentro vamos
Às raparigas solteiras
Mas como a porta tarda em abrir-se…
Levante-se daí Senhora
Do seu banco de cortiça
Venha-nos dar as janeiras
Ou de carne ou de chouriça
Ou então (outro exemplo):
Viva lá o Senhor António
Raminho de bem-querer
Traga lá a chave da adega
Venha-nos dar de beber
De uma maneira geral as gentes da casa acediam, e então tinham direito a agradecimento:
As janeiras que nos deram
Deus será o pagador
Queira Deus que para o ano
Nos faça o mesmo favor
Mas também podia acontecer “não haver nada para ninguém”. Então…
Cantemos e recantemos
Tornemos a recontar
Esta barba de farelos
Não tem nada para nos dar
E parando hoje por aqui, julgamos deixar um “retrato”da movimentação de uma noite de “ cantar as Janeiras”Que eram cantadas no início do ano para dar as Boas Festas ( de 1 a 4 de Janeiro), as letras e as músicas são de origem desconhecida tendo cada terra as suas recolhas. A sua origem, popular, data ao período de 1890 a 1920.
Porque não encontrámos em Montargil quaisquer vestígios desta tradição, temos feito contactos com colegas que nos merecem a maior credibilidade.
No trabalho de hoje, algumas referências são de Paulo Vieira(Arcozelo).