F a i n a s
A Arte de
Malhar
Para além da faina campestreque era, o malhar era também uma arte. E eu, ainda criança, ficava embevecido pela maneira como os malhadores” manobravam as moeiras desenhando no ar uma certinha coreografia. Quando era mais do que um malhador, tinha que haver alternância no arrebitar da moeira, que assim se chamava ao quase parar no ar a parte que malhava ,que batia nos cereais.E quem o conseguia fazer, tinha vaidade nisso. Aliás, em toda e qualquer trabalho que desempenhasse, o camponês ou a camponesa tinha capricho.
Explique-se entretanto, que a moeira, que assim se designava a ferramenta de trabalho usada para malhar, era constituída por duas partes de madeira ligadas entre si, a haste em que o trabalhador pegava com ambas as mãos, e o perito, que era a parte que batia nos cereais. Por sua vez, e em cabedal, na haste era colocado o carpulo também chamado tanoeiro, enquanto no perito era colocada a camisa ou milhã A haste e o prito eram então ligados pela correia de ligar.
Cheguei a ver 6 malhadores em simultâneo, 3 de um lado e 3 do outro, frente a frente. Quando de um lado o perito chegava ao alto colocando toda a moeira na vertical ou quase, do outro lado tinham que bater certinhos no cereal colocado no chão da eira. E assim iam alternando.
Era um espectáculo!
De referir no entanto, que na malhação do milho, ou do feijão ,a moeira era trabalhada ao nível da cintura ou pouco mais .A esta maneira de malhar, como a toda em
que não se fazia arrebite,dizia-se malhar "à rabo de raposa."