Pelo interesse que esta actividade representa para a nossa região, transcrevo uma notícia do Jornal Diário do Sul:
Quinta, 19 Março 2009 09:52
"Os empresários portugueses e espanhóis ligados à fileira do pinhão querem apostar numa estratégia conjunta de promoção, que permita dar a conhecer o produto a ouros países consumidores. Os produtores reclamam a certificação de origem. A Península Ibérica tenciona ainda dar prioridade ao aumento da produtividade do pinhal nacional.
Foram estas as principais conclusões da I Jornada Ibérica da Pinha e do Pinhão, que decorreu em Alcácer do Sal, onde participou António Rego, presidente da Autoridade Florestal Nacional, tendo admitido na sessão de encerramento dos trabalhos que "este sector não tem tido por todos, a começar pelos governos, a consideração que merece", garantindo, por isso, "transmitir as preocupações dos profissionais ao secretário de Estado" da tutela.
A iniciativa foi organizada pela ANSUB-Associação de Produtores Florestais do Vale do Sado, e pela UNAC – União da Floresta Mediterrânica, com o apoio da Câmara de Alcácer do Sal, tendo reunido cerca de centena e meia de profissionais do sector, que representaram 85 por cento da produção mundial.
O encontro serviu mesmo para analisar a última campanha nacional, que registou uma produção de 40 mil toneladas pinha, um valor abaixo da média que traduz os efeitos da seca de 2005. Paralelamente, de acordo com as informações disponíveis, nomeadamente provenientes do primeiro inquérito à produção efectuado, enquanto a área de pinheiro manso tende a aumentar, o seu preço sofreu em 2008 o primeiro decréscimo desde 2001. Ao contrário da realidade espanhola, a apanha da pinha em Portugal é maioritariamente manual, embora o pinhão, em grande parte exportado para Itália e Espanha, represente quatro por cento do valor total das exportações de frutos secos.
Mas os dois países partilham muitas das preocupações do sector, sobretudo no que diz respeito ao roubo e mercado negro de pinha, que estão a aumentar nos concelhos alentejanos de Mora, Vendas Novas e Alcácer do sal, levando os industriais do miolo do pinhão a pedirem que ASAE intensifique a sua fiscalização.
O presidente da Associação de Industriais do Miolo de Pinhão, Hélio Cecílio, diz que os roubos começam nos primeiros dias de Novembro, apesar de a legislação dizer que a venda de pinhas só pode começar a partir de 15 de Dezembro. Aliás, Hélio Cecílio diz que o problema se agravou desde que os donos dos pinhais optaram por deixar de respeitar o decreto-lei que estabelece que a colheita só pode ser realizada de 15 de Dezembro a 30 de Março. "As pessoas estão a abdicar da qualidade com medo de serem roubadas. Colhem as pinhas em Outubro e Novembro, mas esses pinhões chegam às fábricas roxos, vermelhos e pretos e isso compromete o futuro de um sector que representa 80 milhões de euros em exportações", assegura, alertando que quem rouba pinhas "também já começou a trabalhar nesta altura do ano." "São desempregados, reformados e outras pessoas envolvidos nos roubos de pinhas que fazem um trabalho que garante rendimentos. Não pagam contribuições para segurança social, fisco e IVA. Uma pinha custa cerca de 50 cêntimos. Quem levar mil pinhas de uma vez já ganha o dia", denuncia o empresário.
Em cada 100 quilos de pinhas, extraem-se cerca 3,2 quilos de pinhão. Hélio Cecílio estima que, só em 2005, tenham sido roubados cerca de três milhões de quilos de pinhas. "
[i] Im Diário do Sul