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Assunto: Canção dos Xutos transformada em manifesto contra Sócrates... Sáb Abr 18, 2009 2:51 pm
Quem conhecer a discografia dos Xutos & Pontapés sabe que o cariz de intervenção e alerta social marcaram sempre presença nas letras das músicas. Mas os membros desta banda nunca quiseram vestir a roupa de líderes de uma revolução política, nem apoiam, enquanto colectivo, qualquer partido político, assegura Zé Pedro, guitarrista dos Xutos. Por isso, é com alguma surpresa que o grupo assiste à euforia em torno da canção “Sem eira nem beira”, que integra o novíssimo álbum Xutos & Pontapés, disco de originais que foi lançado na passada semana.
Sem eira nem beira não foi escrito a pensar neste Governo. Mas este é o Governo que temos e a letra encaixa como uma luva no momento político e económico. E nem precisava de ter a referência ao senhor engenheiro para, no final de cada estrofe, vir à memória de muitos o nome de José Sócrates.
E num momento em que o primeiro-ministro parte fragilizado pelo caso Freeport para a longa maratona de três eleições, esta música dos Xutos & Pontapés, que já está a ser transformada por muitos numa espécie de manifesto contra o Governo, é mais um problema para o PS. Porque amplia de forma inimaginável o que dizem muitos críticos do executivo; porque vai chegar onde a oposição não chega e com bastante mais força e porque não pode ser metida no bolo da estratégia de vitimização, das calúnias, das campanhas negras e das forças ocultas. . Quando José Sócrates intensificar a campanha eleitoral, já os Xutos & Pontapés andarão pelo país em digressão, em concertos de milhares de pessoas. Sempre que se ouvir Sócrates a tecer loas às suas políticas, vai ouvir-se também cantar, de norte a sul do país, que, se "nada fizer", "isto não vai mudar" e que é preciso "encontrar mais força para lutar". . E lutar contra quem? A letra do Sem eira nem beira é clara: contra os que "dão milhões a quem os tem/aos outros um 'passou--bem'"; contra os que querem "tramar, enganar, despedir, e ainda se ficam a rir", contra os que não assumem que já andaram "a roubar, a enganar o povo que acreditou". . É possível ler isto e não pensar na classe política em geral e no Governo em funções em particular no momento de crise em que vivemos? Não.
Sem eira, nem beira . A canção tornou-se um hino que exprime a revolta. Eis a letra: . Anda tudo do avesso Nesta rua que atravesso Dão milhões a quem os tem Aos outros um passou-bem . Não consigo perceber Quem é que nos quer tramar Enganar/Despedir E ainda se ficam a rir Eu quero acredita rQue esta merda vai mudar E espero vir a ter Uma vida bem melhor . Mas se eu nada fizer Isto nunca vai mudar Conseguir/Encontrar Mais força para lutar... . (Refrão) Senhor engenheiro Dê-me um pouco de atenção Há dez anos que estou preso Há trinta que sou ladrão Não tenho eira nem beira Mas ainda consigo ver Quem anda na roubalheira E quem me anda a comer . É difícil ser honesto É difícil de engolir Quem não tem nada vai preso Quem tem muito fica a rir Ainda espero ver alguém Assumir que já andou A roubar/A enganar o povo que acreditou - Conseguir encontrar mais força para lutar Mais força para lutar Conseguir encontrar mais força para lutar Mais força para lutar... . (Refrão) (...) Há dez anos que estou preso Há trinta que sou ladrão Mas eu sou um homem honesto Só errei na profissão
Retirado do blog O CACIMBO
pedrolopes
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Assunto: Re: Sem eira nem beira -xutos e pontapés Dom Abr 19, 2009 12:15 pm