O Presidente Barack Obama garantiu hoje que continua empenhado em encerrar a prisão de Guantánamo, mas também em lutar contra o terrorismo. “Acredito, com todas as fibras do meu ser, que não podemos manter este país seguro a não ser que usemos o poder dos nossos valores mais fundamentais”, afirmou.
Obama respondia assim às críticas tanto dos conservadores como do seu próprio partido, que se recusaram a dar-lhe dinheiro para fechar a base, na ausência de um programa detalhado para encerrar o campo de detenção.
Obama realçou a necessidade de limpar “a confusão” deixada pela Administração de George W. Bush.
Logo a seguir ao seu discurso sobre Guantánamo, começou a falar, no American Enterprise Institute, também em Washington, o ex-vice-presidente Dick Cheney, considerado o arquitecto da política anti-terrorista da Admnistração Bush, que hoje está a ser posta em causa, sobretudo no que toca ao uso de técnicas duras de interrogatório – que hoje são consideradas, de forma praticamente unânime, tortura.
Em causa está sobretudo o uso da simulação de afogamento (“waterboarding”) para tentar arrancar informações aos suspeitos de terrorismo. Cheney defendeu vigorosamente a sua Administração, negando que alguma vez tivesse patrocinado a tortura. “Os interrogadores tinham linhas orientadoras muito precisas sobre a linha divisória entre técnicas de interrogação e tortura, e sabiam de que lado tinham de ficar” afirmou. Por isso, defendeu, citado pelo jornal “Los Angeles Times”, “nunca foi permitida a tortura”.
Cheney não só defendeu as práticas da Administração Bush como criticou acidamente os que dizem que foram ultrapassados os limites da legalidade na forma como lidou com suspeitos de terrorismo, após os atentados do 11 de Setembro.
Obama considera-se reconfortado por ser criticado tanto pela esquerda como pela direita, pensando ter encontrado uma política que é um ponto de equilíbrio. “Mas a triangulação é uma estratégia política, não uma estratégia de segurança nacional. Nenhuma altura é boa para tentar obter compromissos, quando estão em jogo vidas americanas”, disse Cheney, citado pelo CNN.
Do lado da presidência, as coisas não são vistas assim. Obama falou nos Arquivos Nacionais, o local onde são guardados os documentos fundamentais da vida democrática dos Estados Unidos, como que para reforçar a sua mensagem. Criticou as “posições políticas” que estão a entravar os seus esforços para encerrar Guantánamo, e justificou a sua decisão de não divulgar mais fotos de abusos e maus tratos a prisioneiros feitas por força americanas, dizendo que não representava uma contradição com os valores que jura defender.
O objectivo da sua Administração, disse Obama, é obter “um equilíbrio justo entre a transparência e a segurança nacional”.