Eu cidadão
assim penso…
Com os resultados destas eleições para o Parlamento Europeu, pura e simplesmente aconteceu Democracia. Como se sabe a alternância é um dos factores que a caracterizam,
e pena é que nem sempre signifique alternativa, porque é necessária e salutar. E se é certo que se tratou de um escrutínio para a Europa, logo se torna absurdo considerar que o Governo perdeu a legitimidade para decidir, também é verdade que os resultados não deixam de reflectir uma penalização à governação.
Os próprios o reconhecem, foi uma clara derrota do Partido Socialista, que face ao descontentamento que lavrava não constituiu uma surpresa por aí além. Dizem os analistas que os resultados se ficaram devendo muito especialmente ao desemprego, a situação que o cidadão mais sente na pele. Mas, há quem se questione, é o Governo o culpado de
toda essa situação? O povo pelo menos assim pensará, que disso se encarregam as oposições.
O descontentamento que saiu à rua pode aqui e ali ter sido motivo de manobras, mas não se podem ignorar as decisões que penalizaram os mais desfavorecidos, tampouco a diferença cada vez maior entre ricos e pobres. Como será justo não ignorar as decisões correctas. Mas uma também grande derrota que não pode ser ignorada, a derrota do poder político, bem explícita na abstenção, -- situação que é gravíssima e que por muitos parece ser ignorada. É que mais de metade dos portugueses não confia nos políticos que temos.
O Dr. Vital Moreira, dizem-me, terá sido infeliz ao referir-se “à roubalheira”que por aí vai, mais ou menos isto. Mas é essa a “leitura” que o povo faz, acabando por penalizar os representantes de um Governo cuja Justiça, pela sua morosidade, acaba por passar a imagem de que está sempre ao lado dos mais poderosos. O que também conta!
O eleitorado quer mudanças e se quem lá está não as faz é natural que lá coloque E pena é que nem sempre prevaleça a ética.
Lino Mendes