R A P D E TA N T A S VI D A S
Vives num carrossel por heroína,
que na tua vida tudo determina.
Secam-te as veias e a carteira dos pais…
Arrumas carros a troco de cigarros.
Se não tens os teus, fumas beatas…
Nunca satisfeito pedes sempre mais,
atacas como e na marginal,
de Algés até ao Cais do Sodré.
O currículo é o teu registo criminal…
Dormes ao relento, usas a sopa dos pobres
como alimento. O nome falso de André.
Partilhas seringas e sexo como na Grécia antiga,
presença assídua em Vale de Judeus.
Dizes sempre até à próxima,
para nunca dizeres adeus.
Vais à igreja, não para rezar
mas para os santos levar…
As autoridades conhecem-te bem!
Mas fogem de ti por complexo de superioridade,
talvez altruístas para quem lhes convém.
Ludibrias a assistente social,
num fatal rasgo de imoralidade.
Fazes-lhe crer seres um poço de bondade.
Aos que te olham nos olhos chamas-lhe egoístas,
enquanto atormentas os turistas.
Por fi m, partes deixando
um rasto de radioactividade…
Overdose angelical,
recordada em memorial.
Pedro Lopes in "Postumus Est" Edições Ecopy, Porto, 2007
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