M e m ó r i a s
O dia das "sortes"
Era de festa o dia em que os mancebos iam à “inspecção” ou às” sortes” como também se dizia, para saber se iam “à tropa” ou não.
Em “carroças” e/ou “carros de parelha” partiam bem cedinho---eram sempre na casa dos 60/70— com destino a Ponte de Sor, onde teriam que estar aí pelas 9/10 horas. Inspeccionados que eram no edifício da Câmara, na parte da tarde regressavam a Montargil. De fitas verde e vermelha, os “apurados””para prestar serviço militar, de fita amarela os que ficavam “de espera “(voltavam lá no ano seguinte) , e finalmente de fita branca quem ficava “livre.”
Em tempo de guerra colonial, era uma sorte não ir à tropa, mas tempos atrás muitos viam na tropa o fugir à vida penosa dos campos.
A noite havia o baile que era sempre no “sítio” (vila ou uma das aldeias) que tinha mais gente nas “sortes” mas na tarde desse dia ou no dia seguinte davam volta às ruas ao som da concertina e, curiosamente, todos os anos o “tocador” apresentava umas “saias novas” que só nesta altura eram cantadas só por homens, ou só tocadas.
Lino Mendes