1 de Dezembro
Restauração de 1640
Sempre entendi que um Povo que ignora a sua História não existe como tal. Por isso bom seria que dia 1º de Dezembro e ao soar dos acordes do Hino da Restauração (onde isso for caso) todos soubessem que se iniciavam as comemorações dos 371 anos da Independência de Portugal, após 60 anos de domínio espanhol. Mas a data passa quase despercebida, numa atitude que até pode ser politicamente correcta, mas a História não deve ser omitida, nos bons como nos maus momentos, e no caso até se trata de um acontecimento marcante, como o é sempre a reconquista da Independência.
Tudo começou quando um rei visionário e imaturo , escudado nos poderes que a monarquia lhe conferia, meteu ombros a uma missão impossível, vindo a sepultar o reino nos campos de Alcácer Kibir .Ali desapareceu ele, deixando como sucessor um tio, o Cardeal D.Henrique, que viria a morrer dois anos depois, e os muitos nobres que não sucumbiram foram feitos prisioneiros ,tendo o seu resgate provocado endividamento do país. Luís Vaz de Camões antevê o que vai acontecer, quando numa carta dirigida a D. Francisco de Almeida, escreve que” enfim, acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha Pátria que não só me contentei em morrer nela, mas com ela”.
Com a morte de D.Henrique, vários sucessores ao trono se perfilam, entre os quais Filipe II de Espanha, que em 1580 e nas Cortes de Tomar, dá início à III Dinastia ( a Filipina)que vai durar seis décadas. Aclamado como Filipe I de Portugal jura respeitar as leis e os costumes vigentes no País, entre os quais a manutenção da Língua Portuguesa como única Língua oficial. Mas se no reinado de Filipe II a nomeação de alguns castelhanos para o Governo de Portugal provoca já descontentamento, com Filipe III a situação agrava-se já que este desrespeita o juramento de Tomar e transformou aquilo que era uma “união dinástica” numa “unificação institucional das duas coroas”
Alguns nobres, dada a distância vêem-se afastados da Corte instalada em Madrid, alguma burguesia vê-se afastada dos negócios ultramarinos da Espanha, ao mesmo tempo que holandeses e ingleses atacam as colónias portuguesas sem que Madrid faça alguma coisa em sua defesa e até o povo junta o seu descontentamento e já em 1637 se manifestara contra a fome e a subida do preço do trigo.
A altura era propícia já que a Espanha se encontrava ocupada com outras frentes. E o “golpe palaciano” de 1 de Dezembro aconteceu como reflexo das reuniões iniciadas em Outubro e que culminaram em 29 de Novembro.
Ao soar das nove badaladas, todos os conjurados se dirigiram ao Palácio da Ribeira para matar o traidor Miguel de Vasconcelos e tomar o poder em nome de D .João, Duque de Bragança que viria a ser o IV, iniciando a IV e última Dinastia. Mas a Guerra dita da Restauração duraria 28 anos, e é em 1968 que através da assinatura de um tratado de Paz, que a Espanha reconhece a independência de Portugal.
Será importante, pois, em ensinar aos que o desconhecem, pelo menos os factos essenciais da nossa História, os bons para glorificar ,os maus para reflectir. VIVER a História é um imperativo que o respeito pela Memória nos impõe, e neste caso, por exemplo, em nada belisca uma vizinhança harmoniosa que se deseja. Naturalmente que não se vai convidar o Embaixador de Espanha para as cerimónias oficiais.
Refira-se entretanto que a Revolta do Manuelinho foi o antecedente mais importante da Guerra da Restauração da Independência.,e que entre as localidades que se sublevaram esteve Montargil.