Padarias & Padeiros
Não obstante os muitos “fornos caseiros”, existiam por aqui umas tantas PADARIAS familiares e onde a exemplo do restante comércio as pessoas se iam “aviar” e conforme depois recebiam à semana á quinzena e nalguns casos até ao mês, iriam pagar. E é de não esquecer nas páginas de memórias da nossa terra, as funções de “instituições financeiras”que, sem juros, estas lojas, estas vendas, desempenharam. E não se pense que quando a situação social se alterou, todos os livros de fiado ficaram limpos….
Mas o nosso objectivo de hoje, é recordar como o pão então era feito, já que ao recorrer-se a novos processos, a novas tecnologias, o produto final (o pão) perdeu qualidade.
Para começar, o fermento ( o isco) era feito da própria massa que ficava do dia anterior, não tendo qualquer produto químico ,como hoje acontece.Com mais um pouco de farinha o isco era aumentado, e posto a fermentar após o que e numa masseira de madeira, se amassava a pulso a massa calculada para a “fornada.” Eram chamadas massas lentas. Amassava-se, estancava-se, e ficava algumas horas a crescer. Quando estava capaz para isso, pesava-se, enrolava-se, deixava-se crescer mais um bocado, para a seguir se tender, dando-lhe então o formato desejado.
O forno de então era de tijolo e era aquecido a lenha ( estevas).Era um produto que havia muito aí pelo campo, havendo pessoas que se encarregavam de fornecer as diversas padarias.
Refira-se que se as funções de “amassador”eram bastante duras, não o eram menos as de “forneiro”, dado o seu contacto com o lume. E fazer o aproveitamento do forno para o maior número de pães, tinha a sua ciência.
Entretanto e em termos comparativos, o fermento sem produtos químicos e o forno a tijolo aquecido a lenha, conferiam ao pão uma melhor qualidade. Apenas a amassadeira mecânica não desvirtua o produto final.
LINO MENDES