Sempre o popular foi relegado para um plano secundário e ainda hoje isso acontece. No entanto há verdadeiras obras-primas, como por exemplo a poesia de António Aleixo que toda a gente percebe, e quanto a mim a Cultura é para se perceber e não para se decifrar. No entanto e para alguns letrados, a arte popular não merece estima nem respeito, já que para eles de nada “ interessa a visão do mundo de gente comum e sem escrita”.
Dizem-nos que assim foi sempre, salvo a geração dos românticos e o primeiro quarto do século XX.
Afonso V( século XIII ) que até era considerado Sábio, considerava vil a acção dos “jograis do povo” que “ por ruas e praças” ganhavam “desonradamente o dinheiro”. Por sua vez, o Marquês de Santilana (século XV ) considera de “ ínfimos” quantos” poetizam para o povo” E na mesma linha de pensamento vamos encontrar Sá de Miranda, Lope de Vega , Calderon. E D. Francisco Manuel de Melo desejava mesmo que “ a poesia fosse uma arte difícil para agudos entendimentos”.Não sei se Camões terá respondido ao por quê deste estado de coisas quando referiu” que quem não sabe a arte não a estima”.
A Cultura Popular continua no entanto a ser campo a explorar por psicólogos ,historiadores, sociólogos e antropólogos ,pois para a construção do futuro interessa que no presente se conheça o passado. E cada vez é mais tarde para o fazer, que já em 1933, Leite de Vasconcelos, grande mestre da nossa Etnografia lançava um apelo:
“Acudamos a tudo, enquanto é tempo! De ano para ano extinguem-se ou transformam-se cousas e surgem outras de novo em vez delas”.”Empenhemo-nos por isso na investigação das tradições populares…estudemos tudo, busquemos ou continuemos a buscar paralelos ao que os tiver, abalancemo-nos à compreensão genérica dos factos, e assim daremos provas, nós, Portugueses, que desejamos acompanhar as nações cultas neste campo de actividade científica”.
Fontes: M.Viegas Guerreiro—Guia de Recolha de Literatura Popular;António José Saraiva—História da Cultura em Portugal;Rtnografia Portuguesa—Casa da Imprensa